O mundo desabou sobre mim e perdi o chão. Agora estou caindo por um abismo infinito; tão profundo, sombrio e frio que me sufoco em meu próprio ser.
E às vezes eu paro.
Olho lá pra cima, onde a quilômetros, -milhares-, de mim encontro luz. Um brilho dourado e quente pelo qual já fui envolvida. Mas depois eu caio por mais longos tempos, até de novo e finalmente, segurar-me a uma pedra pontiaguda ou galho seco.
Já cansei de tentar fazer alguém me ouvir. Sei que grito, mas é como se o som não saísse, como se minha voz parasse na garganta; batendo, arranhando num ecoar que só ouço em minha mente. Uma névoa branca e densa gira a minha volta, subindo e descendo no ar, dançando e contornando as formas sólidas, parecendo se fundir ao ambiente.
Mas nunca se funde.
Nunca some.
Me cerca, deixando tudo tão claustrofóbico que automaticamente sacudo meus membros com violência, num movimento desesperado que se faz quando se está afogando.
E no fim, é exatamente isso o que estou fazendo. Afogando, definhando em minha dor. Sentindo-me tão solitária e triste que um mero sorriso parece o uivo do vento entre as folhas: baixo, gélido, inconseqüente. Se perdendo no universo, desaparecendo e ficando tão distante que quase não me lembro de ter existido. Mas nem a mais medonha queda pode apagar a felicidade verdadeira em que um dia, -quando mergulhei no fundo de seus olhos- banhou-me. Nada é capaz de desfazer o sabor do trajeto de seus lábios.
E ainda não desisti! Ainda acredito em nós; Acredito com toda uma fé, esperança, inabaláveis, em nosso amor.
Não importa se um dia voltarei a encontrar o chão. A minha fé sempre permanecerá.'



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