sábado, janeiro 21, 2012

Adiós vida, el amor de nuevo







  Esses móveis antigos parecem ecoar o friúme da morte. Um gemido lânguido escapa das tábuas de mogno e a casa inteira parece chorar em lamentos infinitos a cada passo que dou.
Residências antigas tem o costume de implantar medo e sempre nos faz duvidar em acreditar ou não em assombrações, mas de um modo ou outro, estou aqui, enfrentando e vasculhando, buscando por seu calor. O escuro reflete contraditoriamente a vida que tinha sua presença.
Lembro-me como éramos apenas dois jovens bobos e apaixonados, nem importando com o mundo, apenas verdadeira e profundamente acreditando na frase mais conhecida dos contos de fadas: “felizes...”; mas eu sou apenas uma adolescente qualquer de um bairro distante no meio da riqueza de seu toque e da raiva de tantas noitadas embriagados. Onde, numa dessas, você partiu.


Amando-nos na incrivelmente grande cama no centro de um quarto tão bem decorado e em ordem que recorda-me filmes dos anos 50, seus olhos devoram minha alma e seus beijos entopem meu coração de amo. A sensação é tão extrema enquanto chocamos-nos que é como se uma faisca se acendesse em um ponto de meu peito e se alastrasse por meus braços e pernas e mãos e pés, deslizando por meus dedos até explodirem de mim. Meu corpo vibra em sintonia com o sentimento e eu quero fazer o momento durar eternamente. Infelizmente, é só um flash de uma lembrança não tão distante, uma recordação que nunca fará parte da realidade novamente porque simplesmente partira sem mim... Para uma muito melhor.

Bom, ao menos a dor não é tão ruim, e nem mata. Pelo menos enquanto ela ainda existia...
O que destrói mesmo é o vazio, que me entorpece e enlouquece. Esse é o motivo devastador que leva a ponta afiada e fatal desta adaga arrancar-me sangue e dá-nos um fim.
Com felicidade, agora sim, posso voltar a dizer e sonhar com o “...para sempre”. 

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