sábado, agosto 04, 2012

Possível amor




  Conheci você em uma tarde (de)... -não recordo-me a estação, mas estava quente- qualquer; e pareceu-me apenas um cara qualquer, dizendo um oi qualquer, com um sorriso qualquer; Sem saber de muita coisa, trocamos um olhar -não rápido demais, nem porém tão longo-, sem perceber naquele tempo, mas fora ali, -com um portão e uma antiga amiga parada entre nós-, em que eu me perdera, fora ali, onde eu afogara minha alma -bem no castanho quente e infinito de seus olhos-.
  Passou. Apenas os dias, semanas, porque todo você permanecera travado em minha mente -a pele morena bonita, a boca bem desenhada, a voz -aveludada, parecendo o coro de anjos-, o cabelo escuro -que hoje sei na verdade terem uma mistura natural de vermelho e dourado-.
  Então o encontrei numa dessas redes sociais e trocamos conversas, e links, e amigos, e histórias. Numa das mensagens você dissera-me parecer conhecê-lo mais que si próprio, e em tão pouco tempo, eu sorrira e respondera ser boa em desvendar as pessoas -mas hoje sei que boa mesmo sou em decifrá-lo-. Também dissera-me nunca se apaixonar, nunca se prender -confesso ficar triste, porque em algum lugar escondido de minha consciência, enxerguei um possível amor-.
  Passou. Apenas mais dias, mais semanas. Não nos falávamos tanto quanto, cada um seguira bocas e corpos diferentes, e quando retornamo-nos, teve aquela briga -confesso ficar triste, sem notar, apaixonara-me pelo seu papo e sua sinceridade, pelos palavrões que em seus lábios tornavam-se piada também-. Houve então em meio a música alta e nada romântica troca de beijos ainda menos românticos -sem perceber, mas fora naquela noite em que nos perdemos, em que afogamo-nos um no outro-.
  Novamente passou. Apenas mais dias, mais semanas e meses. Traçamos planos lado a lado, conhecemo-nos de verdade, admitimos o sentimento, erramos, nos magoamos, nos perdemos e reencontramos; os beijos que antes eram apenas quentes, agora tornaram-se doces; os olhares devastadores ainda existem, mas estão sempre cercados de carinho; os toques discretos ficaram mais urgentes ao ponto em que ganhamos intimidade; hoje conheço seu cheiro -a junção de seu próprio aroma, perfume, desodorante e sabonete, formando, incrivelmente, uma mistura perfeita e deliciosa-; também perdi a ideia de príncipe e agora igualo-o a um lobo -feroz, arrogante e sagaz- e também pela brincadeira que sua adorável mãe faz quando fica bravo repentinamente; hoje conhece meus contos -não de fadas, parecem mais terror-, e conhece meus hábitos e defeitos, e aceita -isso me deixa feliz-; hoje entendo seus gostos e sabores; hoje sei o que posso ou não dizer; hoje te desenho vários sorrisos; hoje desvendo o lado que nunca se deixara mostrar; hoje sonho com um futuro com você;
Hoje, refaço a visão de um possível amor.  



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